Sintese do Livro democracia e liberdade de norberto bobbio
LIBERALISMO E
DEMOCRACIA – NORBERTO BOBBIO.
Liberalismo é
uma concepção de Estado baseada no ideário do Estado limitado. Tem o direito
natural como núcleo doutrinário do Estado liberal; sendo direitos fundamentais
como a vida, a liberdade, a segurança. Deste modo, o direito natural é o
pressuposto filosófico do liberalismo, pois funda os limites do poder á base de
uma concepção da natureza do homem. Os direitos naturais, deste modo, dão a justificação
dos limites do poder do Estado. Há nos direitos naturais, como no
contratualismo, uma concepção comum individualista da sociedade. Portanto, sem
individualismo, não há liberalismo.
Já a democracia,
é uma forma de governo, aonde o poder se encontra na mão de todos ou da
maioria. Para os Federalistas, a democracia representativa é o único modo de
governo popular em Estados territorialmente extensos. Em uma democracia
representativa, o povo elege os representantes que por ele deve tomar decisões.
Para Madison e
Burke, os representantes eleitos estariam em melhor condição de avaliar quais
seriam os interesses gerais, melhor do que os próprios cidadãos, que estão
normalmente fechados na contemplação de seus próprios interesses. Consoante
esta ideia, Sieyés defende a separação entre representante e representado e
consequentemente, a proibição do mandato imperativo. É consenso entre estes
pensadores que os representantes são da nação como um todo e não dos indivíduos
em si.
A democracia
moderna é representativa e está limitada as assembleias parlamentares, é pode
ser considerada como o natural prosseguimento do liberalismo. Mas é importante
entendermos que para o liberal, o fim é a expansão da personalidade individual,
enquanto para o igualitário o fim é o desenvolvimento da comunidade como um
todo. Por isto, conjugando os dois ideários, encontramos igualdade na
liberdade, ou seja, cada um deve gozar de tanta liberdade quanto compatível com
a liberdade dos outros.
O Estado liberal
é norteado por princípios fundamentais e constitucionais, de igualdade perante
a lei e igualdade de direitos. Deste modo, podemos entender que o Estado
liberal é um Estado de direito. E compreendemos por direitos fundamentais
aqueles diante dos quais todos os cidadãos são iguais.
Para
compreender o encontro entre liberalismo e democracia, precisamos inicialmente
compreender que a equalização econômica é estranha ao pensamento liberal, pois
o liberalismo só compreende a igualdade jurídica. Deste modo, a democracia é
entendida como o desenvolvimento do Estado liberal em razão de sua forma
politica, a soberania popular. O Estado liberal é um estado de direito e estado
mínimo.
Hoje
o método democrático é necessário para salvaguarda dos direitos fundamentais,
que estão na base do Estado Liberal. E a salvaguarda desses direitos é
necessária para o funcionamento do método democrático. Podemos concluir que a
democracia é crucial para a sobrevivência do Estado liberal.
A respeito do
liberalismo europeu, podemos considerar Tocqueville como conservador e Mill
como radical. O primeiro é antes um liberal do que um democrata, e estava
convencido que a liberdade – religiosa e moral – mais do que a econômica, é o
fundamento do poder civil. Porém, Tocqueville percebeu que a democracia era um
processo incontrolável e indispensável. Para ele, democracia significava uma
forma de governo em que todos participam da coisa pública, ou seja, o contrario
da aristocracia, porém, além disto, entendia que a sociedade democrática estava
baseada no ideal de igualdade. O conceito de tirania da maioria aparece neste
momento, entendido como o perigo que a democracia corre com a realização do
ideal igualitário, ou seja, o nivelamento, que para Tocqueville, tem como
efeito final o despotismo. Entendendo o principio da maioria como igualitário,
o autor pondera que o numero prevalece sobre a individualidade, aonde podemos
encontrar efeitos deletérios como a instabilidade do legislativo e o
conformismo de opiniões. Tocqueville é liberal e não democrático. Encontra remédios
para a tirania da maioria em tradições liberais como a liberdade de imprensa, a
liberdade de associação, a defesa dos direitos dos indivíduos, a igualdade
perante a lei e a descentralização.
Já para Mill a
melhor forma de governo é a democracia representativa, sendo esta o
prosseguimento natural de um estado que busca assegurar aos cidadãos o máximo de
liberdade. Mill é também um defensor da extensão do sufrágio, e compreende isto
como um remédio contra a tirania da maioria. Porém, não concordava com o sufrágio
para analfabetos, falidos ou devedores e entendia que o ensino universal
deveria preceder o sufrágio universal. Outro remédio contra a tirania da
maioria, para Mill, era o sistema proporcional de representação, pois
assegurava representação também as minorias.
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